domingo, 27 de julho de 2014
Confinamento voluntário?
Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei
Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado
Dançarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei
Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado.
Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei
Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também eu direi:
"Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida."
Sophia de Mello Breyner Andresen, in O nome das Coisas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Conheço muito pouco da obra dela. Acho demasiado feminino. Penso que não atinjo a dimensão que ela quereria dar. Problema meu.
ResponderEliminarParece demasiado simples, mas às vezes engana! embora eu também prefira o Pessoa todos os dias e a maioria das narrativas dela aos seus poemas. Um filósofo contemporâneo-Ricoeur- afirma que a obra de arte é um ponto de partida, ou seja, cada um interpreta segundo as suas vivências e não interessa a intenção original do artista.
Eliminar